A principio parece estranho, mas se prestarmos atenção é possível nos darmos conta de que muitas coisas que nos capturam e nos fascinam não estão acontecendo, já aconteceram, estão lá atrás. Pare e pense. Você esta ansioso para ir ao cinema na estreia de um filme que você adora, e você vai todo feliz ao cinema assisti-lo, no entanto tudo que você esta fazendo é ver o passado. Pode ser um filme que não conte história, pode ser um filme de ficção, mas ele aconteceu há um ou dois anos atrás, o presente dele eram os momentos da filmagem, lá estava acontecendo algo, você assisti o passado, o que já foi, o que não é mais. Pare e pense. Aquelas pessoas que se reúnem para falar de algo que aconteceu, normalmente coisas ruins, estão falando e revendo o passado. Vivemos muito mais no passado, do que no presente, nas projeções pro amanhã, na alimentação de nossos sonhos e nossos projetos. Até a novela que muitos seguem assiduamente, são seguidores do passado, o que foi vivido dela esta na representação dos atores que foi registrada, mas não esta acontecendo mais, já aconteceu. A sua dificuldade em sublimar situações e fatos dolorosos de sua vida, nada mais é do que a permanência no passado, você continua lá, vendo e revendo tal qual fazemos com um filme que gostamos muito, assistimos repetidas vezes, muitas vezes nos emocionamos novamente, e tudo o que há ali, é passado, literalmente passado. Temos enorme dificuldade em ter no passado apenas a referencia, o ensinamento, o aprendizado, preferimos ficar por lá, talvez porque lá tudo seja conhecido. Temos uma enorme dificuldade de nos lançarmos sem medo no novo, no que esta acontecendo, no que não sabemos ainda. Na possibilidade da ação sem preparação, espontânea, o peito aberto ao hoje. É tempo do novo, de acordar pra valer e de permitir estar na vida no momento dela acontecer, e esse momento é aqui e agora, no novo, no desafiador, no impermanecível.
"Contos Cotidianos" Sissi
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